Já vai longe o tempo em que a paixão tomava conta de mim. Aquele tempo em que tudo o que é uníssono a uma relação consola e eleva, abalroando qualquer perturbação e sofrimento que apareça. Aquelas alturas em que a conformidade e a cumplicidade são os objectivos e ambições, em que se faz sigilo de vontades e planos, em que se entrelaçam as mãos e é como se nada mais existisse. Quando juntos e envolvidos no quente abraço apaixonado, contemplam e meditam sobre o luar e as estrelas, quando se trocam olhares brilhantes e, naquele silêncio inacabável, se apreciam os traços faciais, mutuamente. Subjacentes encontram-se não só os carinhos e trocas ternurentas entre corpos, mas também as palavras e expressões que se permutam, elaboradas, eloquentes, ou espontâneas. Adjacências que provocam e criam no parceiro um estado emotivo cada vez mais descontrolado, e que o tornam tão vulnerável ao amor, àquilo que realmente frui dentro deles, essa paixão tão assolapada e incontrolável. Os sacrilégios, as atitudes totalmente repreensíveis podem dar aso a desentendimentos momentâneos e esporádicos mas, a fortaleza com que este amor oblativo se constrói, sobrepõe-se aos momentos menos bons. E quando, nas breves despedidas, se perde de vista aquele que toma conta de nós, procriam-se dentro de nós as saudades, os desejos e esperanças, ligados à vontade de o rever, de reviver ou viver mais e melhores momentos a seu lado e, também, ao passar e correr do tempo, ansiando-se o apressar do mesmo nas horas de afastamento, e o seu lentar nas horas de proximidade. Como em tudo na vida, nestas ocasiões de magia perdura o medo de perda, uma certa insegurança... Todavia, deve ser atenuado este espírito negativo com a confiança, as promessas que sabemos que conseguiremos cumprir e com uma apreensão (incutida pelas belas expressões trocadas, por todos os carinhos e sacrifícios, esforços) que faça instalar-se uma maior estabilidade e satisfação. Tantos aspectos, características... Tudo tão indescritível, sim.
(Para quê uma repetitiva continuação? A paixão e o amor têm tanto que se lhes diga... É dispensável uma maior e pormenorizada descrição).
(Para quê uma repetitiva continuação? A paixão e o amor têm tanto que se lhes diga... É dispensável uma maior e pormenorizada descrição).