sexta-feira, 25 de abril de 2008


o passado é irreversível e tudo o que o moveu não é susceptível de sofrer transposição para o presente, e muito menos capaz de apagamento ou repetição. porém, este consegue-nos destruir o presente quando teima em fazer com que vivamos presos e agarrados a ele. a saudade dos momentos de felicidade; a mágoa da perda; a angústia do perdão que é em vão; a ânsia de que, à semelhança do passado, o presente se cubra de amor transmitido e recebido, após o seu rejubilar; o medo do aparecimento de sentimentos de solidão no meio duma multidão; o (re)lembrar das conversas serenas e embaladas de sorrisos; a repetição das carícias e dos beijos terá talvez pouca probabilidade... ainda assim, essa vontade indescritível comove-me e retém-se no meu pensamento; as palavras eloquentes e apaixonadas, que ocorriam sem prévia reflexão mas com início na espontaneidade... são coisas, não banais, mas talvez coisas anormais e que considero só acontecerem uma vez na vida, vez essa que espero ainda não ter tido um fim, nem nunca chegar a ter.
a dúvida das acções a praticar para conseguir o teu regresso inviabiliza-me e torna-me tão pouco expectante do depois de amanhã, tão incerto e melindrado... a verdade é que o erro não partiu de mim, e a rejeição que sofreste tem justa causa e fundamento. enfiei-me dentro de mim próprio, para me proteger e guardar de possíveis e maiores perdas. o acontecimento então desenrolado derrotou-me e desgastou-me. sei que era algo iminente, nem eu me encontrava livre de tal, contudo não esperava nem me encontrava preparado para passar por algo tão doloroso. é difícil viver sem sentir que estás perto, sem o teu cheiro ficar retido na minha pele até ao dia seguinte, sem os teus toques quentes que me criavam um friozinho na barriga, sem poder ir-te acordar e ver o teu primeiro sorriso do dia, sem a tua mão a suar na minha, sem acariciar a tua face lisa e redondinha... custa admitir, mas tenho a certeza que só serei o mesmo quando voltares. volta... para mim!