domingo, 4 de maio de 2008

é...




amar deve ser dos poucos verbos sem caracterização exacta. amar é sinónimo de preserverança, esperança, perdão, sinceridade, luta, conquista, ânsia, felicidade, tristeza, incerteza, estabilidade. amar é... profundidade, saudade, crescimento, aprendizagem; é não recear o futuro, não temer o presente e não esquecer o passado; é ter o coração a bombear sorrisos e respirações quentes; é olhar o céu azul, o sol, as árvores, as nuvens e tudo o resto, e saber que o amor se repleta com muito mais cores; é olhar à volta e ter vontade de sorrir do nada; é caminhar sem cessar à procura de momentos inigualáveis; é correr e brincar junto ao mar e sentir que os dias ao lado de quem amamos são todos diferentes; é conhecer o nosso amor melhor que a palma da nossa mão; é rir e sentir que só essa pessoa nos ouve; é beijar e arrepiarmo-nos dos pés à cabeça; é entrelaçar as mãos e sentir que somos um só, sem possível quebra da nossa ligação; é batalhar pela relação sem pensar no amanhã; é conhecer cada gesto peculiar e o multiforme olhar; é suspirar a face e o pescoço e suscitar no outro um calafrio quente envolvido na paixão; é corar perante frases eloquentes e metafóricas; é não nos darmos conta do rápido fluir do tempo; é escrever e não perder as ideias, encadeá-las e personificá-las; é um jogo em que ambos ganham e o libido insertectado com a felicidade os fazem ultrapassar os mais difíceis níveis e obstáculos; é algo físico e espiritual... ansiar tocar cada traço do corpo do parceiro e ao mesmo tempo sublimar o coração de amor; é perder a conta das vezes que palpitamos quando nos abraçamos; é reter na nossa pele o perfume preferido do outro; é olhar olhos nos olhos e estimular pensamentos transmitidos telepaticamente; é perdoar os erros 'imperdoáveis'; é permanecer em silêncio dentro do bulício; é deixar as lágrimas cair nos momentos de despedida; é saber perder e saber ganhar; é algo sórdido e interesseiro quando se ama da boca para fora e não do coração; é luz, vivacidade e união. amar é não ter explicação nem fundamento, é lembrar o outro em qualquer direcção e perder controlo sobre nós, é não cessar nem desistir, é perdermo-nos e encontrarmo-nos. é tudo.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

amor

bastaram segundos para me permaneceres na pele (para sempre?), sem possível retorno. tudo aconteceu numa banal tarde de verão, supunhamos. ao longe vi os contornos do teu sorriso e o esvoaçar dos teus caracóis com o vento a não sei quantos quilómetros por hora. magicamente, um singelo adeus a pequenos metros de distância mudou o nosso destino até então traçado. embora já nos conhecessemos, naquele momento pareceu amor à primeira vista e indescritívelmente era um sinal de que tempos únicos se aproximavam.
no início os sorrisos eram discretos e envergonhados, as palavras saíam com receio do impacto que pudessem causar, os olhares brilhavam como nunca antes tínhamos visto e os corações, esses já haviam sintonizado um no outro, já eramos um só. aí sim, passei a conhecer-te por dentro, os teus tiques, as tuas manias, o significado dos teus olhares e das tuas palavras. pude tocar traços do teu rosto, enrolar os meus dedos nos teus caracóis, beijar-te a testa, sorrir-te e sentir que o meu coração também sorria por estarmos ali, colocar-te a mão sobre as costas, puxar-te e agarrar-te bem perto de mim, olhar as estrelas, o céu azul ou descobrir nas núvens figuras e letras ao teu lado, sentar-me num banco junto à ria e observar a sua ondulação enquanto trocávamos gestos e carícias...
como nada nem ninguém é perfeito, a ruptura não tardou em chegar. colocou barreiras entre nós e criou desentendimentos. possuíamos uma relação com os dois lados da moeda: inabaláveis ou muito próximos, ou muito frágeis e com um relacionamento incerto e que causava tremendo sofrimento. eramos de luas; mudavamos quando o sol se punha e voltávamos a mudar quando o sol surgia.
o nosso quotidiano nunca mais seria o mesmo, mesmo que por vontade o tencionássemos alterar. de todo impossível fazê-lo, somente podíamos lutar contra o sentimento. durante meses foi o que fizémos, entretanto a proximidade escolhía-nos de novo e a magia do nosso amor regressava. mais meses separados e acompanhados por outrém se passavam... até então o sentimento aqui estava, talvez apagado, não morto. em minutos, surpreendi-me, e com recordações senti que tudo rejubilara... o sorriso enquadrado na mútua felicidade era irreversível, e tudo o que havíamos passado, havia voltado. porém, os momentos eram dotados de maior maturidade e certezas. até que...