sexta-feira, 6 de junho de 2008

sabes,

quando me recordo dos cenários que vivemos, das tristezas que nos encetaram pensamentos de força, da cor da tua íris e do teu pestanejar singelo e solene, da minha mão a sentir a vibração do teu músculo posicionado no peito, dos teus caracóis envoltos nos meus, das maneiras estonteantes com que nos ríamos, da simplicidade do teu toque e dos teus traços faciais, do meu tacto na tactilidade mágica das tuas mãos, do sentimento que nos unia e que espero que volte a unir e que de ténue e fraco nada tem, tem sim algo de robusto, possante e consistente, da surreal maneira com que os olhares transmitiam as intenções, o espírito e o estado da alma, das noites de permanente união a venerar os astros, do pôr-do-sol a incluir-nos na paisagem, das ondas a rebentarem-nos nos pés e das corridas para a areia onde iríamos rebolar, das tardes em que nos estendiamos horizontalmente na relva enamorados, apaixonados e fascinados a olhar o céu, quer estivesse cinzento, azul, amarelo, cor-de-rosa ou vermelho, dos nossos momentos destoantes e sem entendimento, das nossas lutas graduais e ininterruptas... eu rejubilo e ao mesmo tempo faleço. somos idênticos e almas gémeas: em cada traço que temos delineado, em cada gesto que personificamos, em cada sorriso que esboçamos, em cada discurso que elaboramos, em cada desentendimento que criamos, em cada olhar que lançamos, em tudo. desta recordação advêm as lágrimas, que percorrem a face e que se conjugam com a mágoa, a saudade e o sentimento de perda. estas provêm do teu canto e abrigo que aqui permanece desocupado e vazio. voltares não te traria qualquer arrependimento, seria tudo dotado de diferença e imprevisibilidade positiva, de curiosidade e de momentos sublimes, felizes e sobrenaturais. não é algo que me alegre, mas envolvo-me num conjunto de prolepses que suscitam ilusões e ao mesmo tempo esperanças. e espero por ti e por tudo aquilo que despertas em mim, sem cessar e sem hesitar. fascinas-me duma forma atroz e inexplicável, e é algo que acontecerá até ao meu último batimento cardíaco.

2 comentários:

Anónimo disse...

"estas provêm do teu canto e abrigo que aqui permanece desocupado e vazio"

Gostei da frase, muito lindo, Dioguito

@

Rita Lobo

Anónimo disse...

é amor, nao tem cura.


adoro-te winduh @